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  • Review: Assassin’s Creed Shadows – A Evolução (ou Repetição?) da Franquia no Japão Feudal

    Review: Assassin’s Creed Shadows – A Evolução (ou Repetição?) da Franquia no Japão Feudal

    Desde o lançamento do primeiro Assassin’s Creed, os fãs aguardavam um jogo ambientado no Japão feudal. Finalmente, quase 20 anos depois, Assassin’s Creed Shadows entrega essa promessa, trazendo uma história envolvente e personagens memoráveis em um mundo belissimamente recriado. No entanto, por trás dessa ambientação meticulosamente trabalhada, o jogo ainda carrega as mesmas limitações que assombram a franquia há anos.

    Um Mundo Rico em Detalhes

    A representação do Japão feudal é, sem dúvida, o maior triunfo de Shadows. A Ubisoft recriou regiões icônicas, como o Castelo de Osaka e templos históricos, oferecendo momentos de imersão raramente vistos na franquia. Pequenos detalhes, como a remoção automática dos sapatos ao entrar em templos ou casas, mostram o cuidado com a ambientação. O jogo também introduz um mini-game de meditação e mantras, que adiciona uma camada extra de imersão cultural.

    Dois Protagonistas, Uma Jornada de Contrastes

    Os protagonistas, Naoe e Yasuke, são uma dupla intrigante. Naoe, uma ninja sobrevivente do clã Iga, tem uma história de vingança e resiliência, enquanto Yasuke, inspirado em um personagem histórico real, traz um olhar de justiça e honra. A interação entre os dois é um dos pontos altos da narrativa, criando um equilíbrio entre técnicas furtivas e combate brutal.

    No entanto, a maneira como a narrativa se desenrola é um tanto desigual. Yasuke aparece brevemente no início e desaparece por cerca de dez horas de gameplay, deixando Naoe comandar a história inicial. A trama segue um formato parecido com Assassin’s Creed Valhalla, com histórias isoladas em cada região, mas desta vez os personagens secundários são mais relevantes ao longo da jornada.

    Jogabilidade Familiar, Mas Ainda Limitada

    Embora o jogo tente oferecer uma experiência mais focada e menos inflada de atividades paralelas, a jogabilidade continua limitada. As fases e bases inimigas seguem padrões previsíveis, sem grandes desafios de criatividade. A Ubisoft acerta ao reduzir a quantidade de marcadores e distrações no mapa, tornando a exploração mais orgânica, mas não resolve o problema central: a sensação de estar jogando mais do mesmo.

    O combate se inspira em Assassin’s Creed Mirage, trazendo golpes leves e pesados, um sistema aprimorado de parry e ataques especiais para cada protagonista. Essa abordagem torna os combates mais desafiadores e estratégicos, um respiro bem-vindo para quem achava os jogos anteriores muito fáceis.

    Uma Franquia Presa ao Passado

    Apesar dos acertos na ambientação e na história, Assassin’s Creed Shadows ainda se prende às mesmárias mecânicas de RPG introduzidas em Origins, Odyssey e Valhalla. A estrutura de missões, a progressão de personagem e a exploração seguem a mesma fórmula, sem uma evolução significativa. O sentimento de deja vú é inevitável, principalmente para veteranos da franquia.

    Shadows representa um passo na direção certa ao recuperar a essência da saga, mas ainda não é a revolução que os fãs esperam.

    Assassin’s Creed Shadows está disponivel para Xbox Series S, Xbox Series X, PlayStation 5 e PC

  • Review: Two Point Museum – A Fórmula Perfeita dos Tycoons Está de Volta

    Review: Two Point Museum – A Fórmula Perfeita dos Tycoons Está de Volta

    Os simuladores de negócios tiveram altos e baixos nos últimos anos, e eu já estava convencido de que a era de ouro dos jogos tycoon tinha ficado nos anos 90. Mas então veio Two Point Museum, e tudo mudou. Ele não reinventa a roda em relação aos títulos anteriores da Two Point Studios, como Hospital e Campus, mas desta vez a fórmula foi refinada até a perfeição. Com um sistema de gerenciamento desafiador, uma enorme variedade de itens para desbloquear e um humor seco e afiado, fica difícil parar de jogar.

    Gestão Desafiadora e Bem Equilibrada

    Diferente de outros jogos recentes, como Planet Coaster 2, Two Point Museum realmente se preocupa em testar sua habilidade de gerenciar as finanças do museu enquanto você constrói e decora. Criar uma máquina de fazer dinheiro não é fácil, mas também não é impossível – o equilíbrio entre desafio e acessibilidade é muito bem ajustado. As ferramentas para controlar essa complexidade são intuitivas e eficazes. Um exemplo brilhante é a tela de Revisão Salarial, onde é possível ajustar o salário dos funcionários de forma rápida e eficiente, sem precisar abrir múltiplos menus. Tudo no jogo parece pensado para facilitar sua vida sem perder a profundidade.

    Visual, Humor e Criatividade

    O estilo visual segue a identidade dos jogos da Two Point, com uma estética cartunesca que lembra stop-motion. A ambientação não se leva a sério, o que combina com a proposta: fósseis de disquetes, relíquias de alienígenas obcecados por queijo, e até mesmo anúncios de PA cheios de piadas sutis, como: “Lembre-se: nem tudo na vida precisa ser uma festa, ok?”. Mesmo que o humor não agrade a todos, ele é coeso e bem executado.

    A mudança de foco para museus abre possibilidades criativas fascinantes. A cada novo mapa, o jogo apresenta desafios únicos, como criar um aquário repleto de espécies exóticas ou montar um museu paranormal onde artefatos amaldiçoados podem libertar fantasmas caso não recebam terapia regularmente. Essas variações mantêm o jogo interessante e fazem com que pareça uma coleção de vários jogos em um só: Two Point Aquarium, Two Point Planetarium, Two Point Haunted Hotel.

    Expedições, Progressão e Recompensas

    Adquirir artefatos para atrair visitantes envolve expedições a locais que vão de cânions cheios de fósseis até os confins do espaço. A gestão da equipe e a tomada de decisões estratégicas fazem toda a diferença para minimizar riscos e maximizar recompensas. A mecânica de progressão é gratificante, permitindo que os funcionários sejam treinados para habilidades específicas que influenciam tanto as expedições quanto a administração do museu.

    O sistema de desbloqueio também é muito bem pensado. Exibir e desmontar artefatos ajuda a aumentar o nível de conhecimento do museu, tornando-o mais educativo. Os itens decorativos seguem a lógica do tema: enquanto objetos genéricos podem ser adquiridos com Kudosh (a moeda de carreira da série), decorações temáticas exigem estudo de artefatos específicos. Isso cria um ciclo viciante de coleta, pesquisa e evolução constante.

    O Pequeno Problema da Criminalidade

    O único ponto fraco notável é o sistema de segurança. Conforme o museu cresce e atrai itens valiosos, ladrões e vândalos começam a se tornar um problema sério. Contratar seguranças ajuda, mas o jogo também exige a instalação de salas de câmeras que têm um alcance pequeno e competem por espaço com outras instalações importantes. Isso pode tornar o gerenciamento da segurança frustrante. Felizmente, o modo Sandbox permite desligar esse sistema e personalizar a dificuldade ao gosto do jogador.

    Conclusão

    Com um design intuitivo, desafios variados e um fluxo de progressão viciante, Two Point Museum prova que a Two Point Studios finalmente atingiu o auge do gênero tycoon moderno. O jogo equilibra humor, criatividade e profundidade de gestão como poucos. Apesar de pequenos tropeços na mecânica de segurança, ele se mantém divertido e recompensador mesmo após dezenas de horas de jogo. Se você gosta de construir, gerenciar e, acima de tudo, se divertir no processo, esse é um título obrigatório.

  • Review: Avowed – Um RPG Clássico com Decisões Difíceis e um Mundo Imersivo

    Review: Avowed – Um RPG Clássico com Decisões Difíceis e um Mundo Imersivo

    A Obsidian Entertainment é conhecida por suas narrativas envolventes e mundos ricamente construídos. Depois de experimentar com um jogo de sobrevivência cheio de insetos e uma história investigativa em 2D inspirada no século XVI, o estúdio retorna ao que faz de melhor com Avowed, um RPG de ação ambientado no universo de Pillars of Eternity. O jogo traz um mundo recheado de clichês que os fãs do gênero adoram: reunir-se ao redor de uma fogueira para compartilhar histórias sombrias, saquear inimigos ainda quentes e enfrentar hordas de esqueletos e criaturas fantásticas para ganhar equipamentos brilhantes.

    Uma Jornada Familiar, Mas Bem Executada

    O enredo de Avowed coloca o jogador na pele de um Godlike escolhido e Envoy do Imperador, com poderes mágicos e autoridade praticamente irrestrita. Sua missão? Investigar e erradicar a misteriosa praga da loucura conhecida como Dreamscourge nas Terras Férteis, ajudando moradores com seus problemas pelo caminho. O jogo segue a fórmula clássica dos RPGs ocidentais: explorar ruínas, coletar loot e derrotar inimigos com espadas, arcos e feitiços. Embora não traga muitas ideias inovadoras, Avowed executa bem cada aspecto desse estilo de jogo.

    Construção de Mundo e Narrativa Impecáveis

    A maior força de Avowed está na sua história e diálogos. O mistério em torno da Dreamscourge e as forças sobrenaturais envolvidas tornam a narrativa intrigante até o fim. As escolhas do jogador têm um impacto significativo, alterando o desfecho da trama e incentivando múltiplos playthroughs. Apesar de algumas reviravoltas previsíveis, a jornada se mantém envolvente e repleta de decisões morais interessantes.

    O jogo também acerta ao criar um sistema de referência integrado, onde termos e personagens do universo de Eora são explicados automaticamente, semelhante à “active time lore” de Final Fantasy XVI. Isso facilita a imersão para jogadores que não estão familiarizados com o mundo de Pillars of Eternity.

    Companheiros Memoráveis (Mas Sem Romance)

    Os companheiros de Avowed trazem opiniões fortes, problemas pessoais e habilidades únicas para o combate e a exploração. Assim como em The Outer Worlds, você pode levar dois deles por vez, o que cria oportunidades para dinâmicas divertidas. Kai, um mercenário reptiliano sarcástico, e Yatzli, uma maga felina de libido incontrolável, são apenas alguns dos personagens carismáticos que enriquecem a jornada. Infelizmente, não é possível engatar romances, e as relações sociais são relativamente superficiais, o que parece um desperdício considerando o talento da Obsidian para criar laços emocionantes.

    Combate e Exploração: Desafiador, Mas Pouco Variado

    O combate de Avowed é fluido e responsivo, permitindo construir personagens voltados para magia, combate corpo a corpo ou ataques à distância. Magias impressionantes, como buracos negros que sugam inimigos e tempestades elétricas devastadoras, garantem um bom senso de poder. No entanto, a variedade de inimigos deixa a desejar. Durante grande parte das 50 horas de jogo, o jogador enfrentará os mesmos tipos de criaturas, incluindo esqueletos, aranhas gigantes e… um número desproporcional de ursos. A falta de inimigos memoráveis torna os confrontos repetitivos e reduz a tensão ao longo da campanha.

    A exploração, por outro lado, brilha. Com quatro regiões distintas, o mundo de Avowed é repleto de segredos e caminhos alternativos. Missões podem ser iniciadas e concluídas de maneiras diferentes, e itens essenciais podem ser encontrados antes mesmo de aceitar certas quests. A liberdade de escolha e a verticalidade dos cenários dão um toque especial à exploração.

    Considerações Finais

    Avowed é um RPG seguro, mas competente. Ele traz o que há de melhor no DNA da Obsidian: uma história bem escrita, personagens marcantes e um mundo rico em detalhes. No entanto, a falta de inovação e a repetição de inimigos impedem que ele se destaque entre os grandes do gênero. Para quem busca uma aventura familiar e bem executada, Avowed é uma ótima escolha. Mas se você espera algo revolucionário, talvez seja melhor esperar pelo próximo The Elder Scrolls.

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